segunda-feira, 26 de abril de 2010

As pessoas apenas olham, não sentem realmente o que é (...)

Estávamos falando da emoção de cada coisa, de como era sentir e não somente olhar. ela citou o exemplo que dias antes havia vivido; passava em frente ao zoológico e viu um muro, depois a jaula e o leão dentro dela, como era irreal imaginar aquilo, um muro, uma jaula e um leão, apenas um muro e uma jaula a separava do rei da selva, apenas duas coisas engaiolavam o leão. As pessoas apenas olham, não sentem realmente o que é, não percebem a grandiosidade das coisas que nos cercam. Tente se ver, já parou pra pensar, já olhou para seu corpo, seus membros se movendo, mas tente fazer isso com a emoção, sem colocar física, química, anatomia ou qualquer outro tipo de estudo, tente ver com a emoção, e então você percebe o quão absurdo é, o quão estranho é, ver tudo se mexer, não é grandioso? Um avião no ar, aquele gigante de metal voando, não é absurdo? um morto no cemitério, um gato atropelado, um humano esfaqueado, um tapa na cara, um soluço, um espirro, a chuva, o sol lá longe e mesmo assim o calor aqui perto e tantas outras coisas. Estou falando sobre a constante frieza que o ser humano passou a viver, sobre ser mecânico, sobre passar por coisas realmente belas, coisas realmente que deveriam ser vistas por outro ângulo, mas que são apenas ignoradas por um olhar pouco crítico e frio. Portanto, aos olhos de quem sente, para quem tem emoção, não é apenas o muro, a grade e o leão!

Deitei de manhã, me achando a pessoa mais feliz do mundo.

Recebi uma mensagem tão linda ontem à noite, não tinha nome nem nada, veio avulsa na minha caixa de correio.  As palavras eram simples, escritas à mão com caneta colorida, tinha apenas três palavras, mas eram três excelentes palavras, tanto é que me fizeram apertar os olhos cheios de lágrimas, de alegria, claro. Eu li, reli e não me cansava, sabe, entrava na alma, eram tão belas, tão fortes e tão verdadeiras. Passei horas a fio nessa madrugada tentando descobrir quem mandara tal mensagem e porque motivo não se identificara. Não cheguei a conclusão alguma, o que não me deixou triste, as palavras me confortavam. Guardei aquele minúsculo papel dentro da minha agenda, quando fechei as páginas, notei com o ar da batida um leve perfume, logo me lembrei da fragrância, aquela fragrância que você só dizia usar quando estava comigo. E como era bom o perfume. Não foi realmente necessário teu nome, aquele seu perfume é tudo. Peguei o papel de novo, li mais uma vez e senti a maior alegria do mundo. Você ainda não me esquecera, e, por mais que as tais palavras tenham se tornado clichê hoje em dia, que o tal 'eu te amo' tenha se tornado banal, vi um significado tão diferente com sua caligrafia, era notável a verdade das palavras. Deitei de manhã, me achando a pessoa mais feliz do mundo.

Dedicatória: para meu amigo tão inconstante e irremediável, Jonn. (palavras e eventos fictícios)

domingo, 25 de abril de 2010

(...)vou deixar isso para amanhã, porque hoje estou cansado (...)

E amanhã eu vou surtar, amanhã eu quero gritar para o mundo, deixar bem claro o que penso. Vou mudar, não vou mais ser esse bobo, tolo que vai em tudo o que falam ou é submisso aos que se acham donos do poder; Não, não vou ligar para o que vão falar, não mesmo, vou simplesmente ser eu. Eu que bebo, eu que choro, eu que nem sei quem sou eu. E as páginas vão rolando, deixando expressa a minha bipolaridade, meus incostantes surtos de identidade, de revolta com a sociedade, vergonha e até mesmo falta de nudez. Amanhã vou sair nú pelas ruas, vou me despir dessa fantasia maluca que vesti a tempos, que me deixa pouco contente e me faz ficar com um pouco mais de idade, na aparência claro. Mas certo, vou deixar isso para amanhã, porque hoje estou cansado, tenho febre e ainda choro aquele amor, aquele ainda ... aquele.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

..e ele fazia piada das luvas;

Eles estavam sentados lá na pracinha do bairro, fazia um frio gostoso, árduo, mas gostoso. O gostoso mesmo era estarem juntos, agarrados, sentindo a respiração quente. A luz era fraca, tipo cena de um filme, o vento soprando as últimas folhas secas, orvalho na grama castigada e a música que vinha de um dos casebres da rua debaixo. Era uma música triste, mas que cabia bem no momento, pois, era hora de ver o quanto significava aquilo na vida de ambos. Se olharam, sentiram o coração um do outro através das luvas e perceberam o que realmente cada um significava. E então, todo aquele espaço imposto pelas intrigas se resumiu num beijo intenso, quente e molhado, um abraço apertado, fazendo exalar e se misturar os perfumes que ambos usavam. E então, logo, o frio não significava muito. Apesar de intenso, a felicidade de estarem um na companhia do outro era o suficiente e ele fazia piada das luvas, um pouco maiores do que suas mãos. Nenhum tinha compromissos, responsabilidades ou horários. Tudo de que precisavam era de um lugar para se aquecer e conversar. E eles partiram.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A estória acabou, ela dormiu e sonhou ...




Eu contava a estória e a garotinha olhava fixamente para as paginas do livro, estava eu na parte em que o girassol morria, que o céu sumia e as estrelas dormiam. Ela então passou a me olhar atentamente, me olhava nos olhos, fundo, procurando verdade. E eu via em seus olhinhos esbugalhados as figuras que eu contava, ela imaginava e eu contava. A estória acabou, ela dormiu e sonhou, acordou e o céu azul ...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

(...) o que me era mais importante por hora, ser eu.

Era simples como uma pipoca estourando na panela, agora, tire a tampa da panela. Explode tudo e queima, pois é, ele era assim. Todavia um desejo ardente, gostava desse tipo de 'queimar', mas eu queria apenas um pouco de afeto. Então, resolvi contar os pingos, os óleos que espirravam e me deixavam zombeteiro, mal terminei de contar e já estava todo queimado novamente. Tampei a panela, não queria mesmo aquela vida, queria é varrer para longe as sujeiras e sair para longe do fogo. Fugi para a cachoeira mais próxima, e olhem, lá estava o tal a me esperar. Não hesitei, tratei logo de jogar na correnteza, por sinal a última vez. Mudei de ares, mudei de corpo, troquei a alma e tratei logo de ser eu, o que me era mais importante por hora, ser eu.

Te amo, mas agora eu também me amo.

Eu já estava cansado, estava cheio de choros e melancolias. Já nem havia mais travesseiros para tantas lágrimas, então eu disse chega e chegou, já nem sofro mais de amor. Resolvi canalizar aquela paixão intensa pra outro tipo de sentimento, não que seja agora uma simples amizade, é amor demais ainda, mas não num sentido propício para um relacionamento intenso, pois, já nem era mais esperança isso. Agora, te sinto perto, quero sentir sua presença, mas apenas pra dizer um bom dia, oi, saudade e contar os atrasos e convéns da vida. Outro dia me peguei pensando se isso seria adianto ou apenas ilusão, então, buscando a essência de tudo o que passamos até hoje, não vi nada além de amizade, nada além de afeto, carinho e um tchau por detrás. Agora estou mais feliz, me sinto um pouco mais aberto a procurar algo além, algo que realmente me satisfaça, mas não alguém te substitua, apenas alguém que me complete e que te deixe onde você sempre esteve no meu coração. Podem até achar loucura isso que vou dizer agora, mas você é o amor da minha vida, mas o amor canalizado pra um local onde haja eloquência e exatidão, sem sombras de duvida e erro, sem nêuras ou enervações, apenas você ai, eu aqui, felizes e inteiros, sem partes quebradas e choros de partir a alma. Enfim, te amo, e me amo agora.